Poucos são os países que conseguem reunir, em uma só região, as características requeridas para um centro de lançamento de grande porte, onde se desenvolvem operações de considerável risco. Muitas vezes , os atributos são contraditórios entre si, tais como os mandatórios, do ponto de vista de segurança, e os desejáveis, pelas questões de logística.
A posição geográfica, estratégica e privilegiada, do Centro de Lançamento de Alcântara - CLA, a 2º18' sul da linha do Equador, é um dos fatores preponderantes para a operação de veículos suborbitais (foguetes de sondagem) e satelizadores
Esta condição possibilita aproveitar, nos lançamentos em órbita de baixa inclinação (próximas à equatorial, como demanda a grande maioria dos satélites de comunicação), o ganho de energia relativo à velocidade tangencial proporcionada pela rotação da terra. Além disso, mesmo para outras órbitas inclinadas, a situação dos centros mais próximos ao Equador é mais favorável do que a dos situados mais ao norte, que levam a um maior dispêndio de energia para as necessárias manobras.
Dentre outros atributos importantes, pode-se destacar:
- Condições favoráveis de segurança para lançamentos no quadrante norte-leste, que abrange trajetórias rumo a órbitas polares, inclinadas e equatoriais. Isso porque, nos momentos mais críticos que compreendem as fases iniciais da trajetória, o veículo evolui sobre o mar, minimizando o uso de manobras para desviar de áreas habitadas.
- Condições climáticas favoráveis, com regime de chuvas bem definido e ventos toleráveis, permitindo amplo aproveitamento do calendário anual, com registros de pequenas variações de temperatura.
- Estabilidade geológica.
- Baixa densidade demográfica da região, o que permite a implantação de diversos sítios de lançamento e, também, de áreas para infra-estrutura de apoio logístico.
- Facilidades de suporte logístico, dada a relativa proximidade de uma cidade do porte de São Luís, à qual se pode acessar por via aérea, marítima ou terrestre, em condições de maior rapidez ou disponibilidade que em outros centros de grande porte. Eqüidistância de importantes centros de operações espaciais (CLBI - Natal - BR/ Kourou - Guiana - CSG).
Todos esses fatores operacionais são determinantes para a estrutura e concepção das diferentes classes de veículos e dos centros espaciais. Ou seja, quando aumentam as dificuldades e restrições impostas em operar e monitorar foguetes do seu ponto de partida, obrigando-os a executar manobras adicionais em vôo, maior será a complexidade entre os sistemas de bordo e a capacidade instalada dos meios de solo dedicados, exigindo assim a aplicação de novas tecnologias.
Assim, a qualidade das atividades de lançamentos está intimamente associada a parâmetros técnicos e de economicidade dos meios utilizados nas operações.
Segurança, economia, disponibilidade: esse conjunto de atributos confere, ao CLA, um diferencial competitivo que, se bem desenvolvido, pode torná-lo um dos melhores centros espaciais do mundo.
Econômicas
Os aspectos de natureza operacional ensejam significativas vantagens, notadamente do ponto de vista da comercialização de serviços de lançamentos e do incentivo ao desenvolvimento industrial, científico e tecnológico do país.
A disponibilidade de operar com veículos portadores de satélites caracteriza-se como uma das condições primordiais para que um país possa se desenvolver, de forma autônoma um programa espacial completo, com os seus próprios veículos, satélites e centros de lançamento.
No caso do CLA, somente a localização geográfica é uma condição extremamente vantajosa, "quase única" que possibilita economias consideráveis, refletindo, inclusive, na redução do custeio de seguros cobrados pelos lançamentos.
Por exemplo: a proximidade com a linha do Equador gera economia de propelente ou combustível do foquete. Se considerado de outro modo, para uma mesma classe de veículo, tem-se como resultado um acréscimo na capacidade de satelização, isto é, um incremento na massa satelizável. Isso significa que a capacidade de satelização dos veículos lançados do CLA pode atingir um patamar entre 13 e 31% superior a do mesmo veículo, se lançado de outros centros localizados em latitudes mais elevadas.
Por isso, o Brasil não pode prescindir da utilização da tecnologia espacial, especialmente dos satélites de comunicações, coleta de dados e de sensoriamento remoto, pois estes teriam que ser lançados do exterior com o conseqüente dispêndio de vultosos recursos. Além de poder competir com vantagem no mercado internacional de lançamentos, alicerçado nos baixos custos operacionais, provendo inclusive a captação de divisas.
As aplicações de natureza científica e de pesquisas das instituições nacionais, como as universidades e empresas privadas, e estrangeiras, também são objetos da atividade do CLA na identificação de novas parcerias em regime de cooperação científica, tecnológica e comercial, no interesse da Aeronáutica e em conformidade com a política espacial brasileira.
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