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Concebido no início da década de 80, como um dos três segmentos da Missão Espacial Completa Brasileira – MECB, o Centro de Lançamento de Alcântara – CLA visava a permitir o lançamento, a partir do território brasileiro, de um satélite nacional, levado por um foguete também desenvolvido e produzido no país.

Hoje, com a evolução da MECB para o Programa Nacional de Atividades Espaciais – PNAE, o CLA vem se consolidando como um centro de lançamento cuja localização privilegiada o coloca, potencialmente, como um dos mais vantajosos do mundo. Ao longo de seu processo de implantação, busca-se qualificá-lo tanto para veículos suborbitais como para lançadores de satélites, sempre tendo como referência os objetivos de confiabilidade e segurança demandados pelo setor espacial.

A implantação do CLA realiza-se progressivamente por três etapas, consideradas no seu projeto original, e cujas principais características são:

  • primeira, em curso, destina-se a atender desde foguetes de sondagem até lançadores de pequeno porte, de propulsão sólida, como o veículo lançador de satélites - VLS 1 (nacional), com capacidade de satelização em órbitas baixas.
  • Abrange a própria concepção e elaboração do projeto do centro; regularização fundiária; construção e capacitação das instalações para as operações.
  • Na segunda, evoluir-se-á para lançadores à propelente líquido, capazes de atingir órbitas geoestacionárias;
  • Compreende a continuação dos lançamentos satelizadores em órbitas baixas; início da ampliação das instalações especiais para lançadores a propelente líquido; e dos programas de lançamento em órbitas geoestacionárias de satélites de comunicação, por exemplo.
  • E, na terceira etapa, ter-se-á a adaptação para operar com veículos recicláveis, ou outras tecnologias que estarão disponíveis a longo prazo.

É natural que, transcorridas duas décadas, principalmente num setor altamente dinâmico como o espacial, os avanços tecnológicos se fazem manifestar e impõem evoluções nas concepções, nos projetos, nos sistemas e nas características operacionais do CLA.

Assim é que, além de perseguir as metas de implantação e de manter operacionais os bens instalados, o CLA tem que estar permanentemente dedicado a acompanhar as demandas de seus usuários - operadores cargas úteis, de satélites e de lançadores - de forma a prover-lhes as mais adequadas condições para preparação e lançamento.

Projeto

O governo federal, em 1991, declarou de utilidade pública, para fins de desapropriação, cerca de 620km2 da porção setentrional do município de Alcântara, necessária à implantação das áreas operacionais e de apoio logístico, assim como para efetuar o remanejamento local das famílias habitantes na região a ser desocupada.

Embora as atividades que são desenvolvidas no Centro de Lançamento de Alcântara - CLA não impliquem em riscos de proporções elevadas, a segurança é um aspecto prioritário. Por isso, o projeto do centro definiu que, nos 236 km2 considerados área de segurança, não devem, portanto, existir moradias. Tornou-se, então, a necessária tranferência de famílias residentes naquela faixa de terra, começando pelo cadastramento da população existente e a regularização de propriedades.

OS PRIMEIROS REASSENTAMENTOS

Como atividade prévia, efetuou-se minucioso cadastramento de todos os habitantes na região desapropriada, inclusive com o levantamento de benfeitorias existentes. Além disso, uma equipe constituída de médicos, assistentes sociais, veterinários e técnicos agrícolas desenvolveu um longo trabalho de apoio social e de extensão rural. Isso constou desde atividades de promoção das condições de saneamento básico, de assistência técnica, passando pela melhoria do plantel de animais, até a promoção de diversos cursos práticos sobre técnicas agro-pecuárias.
Inicialmente, foram construídas sete agrovilas para receberem as famílias, destinando, a cada uma, um lote urbano, com casa de alvenaria e banheiro, além de uma gleba rural de, no mínimo, 15 hectares para a cultura agrícola familiar.
O suporte social de cada comunidade abriga também: casa de farinha, com todos os aviamentos; tribuna, para realização dos festejos locais; lavanderia; poço com sistema de bombeamento e cisterna; campo de futebol; capela; posto assistencial e escola com sala de aula, cozinha, refeitório, banheiros, vestiários e apartamentos para professores itinerantes.
Atualmente, mais de 350 famílias residem nessas agrovilas, dotadas, além dessa infra-estrutura de apoio, de eletrificação domiciliar e telefonia pública.

A IMPLANTAÇÃO DO CLA

Enquanto as obras sociais eram realizadas, surgiam, a partir de 1987, no meio da mata nativa, as edificações e a infra-estrutura para abrigar pessoal e equipamentos do novo centro de lançamento, transformando anos de pesquisa em incontestável realidade.
Devido aos imperiosos requisitos de segurança, um centro de lançamento de foguetes requer que, ao redor das áreas onde se desenvolvem atividades de risco, possa-se garantir a inexistência de ameaças às pessoas não envolvidas nas operações. Por isso, desponta como de suma importância a disponibilidade de áreas ao longo da costa, constituindo-se numa faixa desabitada, livre de circulação de pessoas e suficientemente isolada de possíveis expansões urbanas.

Fora do sítio histórico de Alcântara, definiu-se como de interesse operacional a costa leste, numa faixa de aproximadamente 200km2. A primeira fase de implantação do CLA prevê instalações logísticas e operacionais na parte ao sul dessa faixa. Mais para o norte, existem áreas de expansão suficientes para a instalação de outras plataformas de lançamento e respectivas infra-estruturas.
Todavia, para que essa área fosse disponibilizada, haveria necessidade de remanejamento dos ocupantes dessa faixa operacional. Como forma de minimizar o impacto social, optou-se por efetuar esse remanejamento dentro dos limites do próprio município. Com isso, foram desapropriados mais 420km2, de maneira que os pequenos povoados pudessem ser deslocados e reinseridos na área rural de Alcântara.

Portanto, hoje, tem-se que 620km2 do município estão desapropriados para a implantação do CLA, sendo que apenas um terço dessa área será efetivamente de aplicação operacional. O restante destinar-se-á aos reassentamentos e a áreas de preservação ambiental.

Instalações

COMPLEXO DE INSTALAÇÕES

As atividades de integração, preparação e controle de satélites e de veículos, testes de pré-lançamento, e de lançamento e rastreio são desenvolvidas em razão de diferentes classes de engenhos aeroespaciais e de suas especificidades, requerendo assim, uma larga gama de equipamentos, sistemas e infra-estrutura dedicados.

Neste sentido, as atuais instalações e sistemas operacionais do Centro de Lançamento de Alcântara - CLA atendem, de forma irrestrita, lançamentos de sondagem e investigação científicos, contemplando inclusive, os satelizadores orbitais.

COMANDO E CONTROLE

Neste setor, situam-se os conjuntos terminais de todos os sistema de forma integrada e sincronizada.
O prédio principal - Centro Técnico - com uma área de aproximadamente 10.000m2, distribuída por três pavimentos, é o "coração" de todo o conjunto de estações.

Este prédio abriga o centro de controle das operações e de tratamento de dados, com os seus computadores e sistemas integrados, que efetuam, em tempo real, a aquisição das coordenadas de localização de veículos lançados e do ponto provável de impacto do azimute, das distâncias e de outros parâmetros de interesse; a "reformatação", "datação" e o arquivo de dados; a "publicidade" das contagens de tempo e regressiva; o arquivo da trajetografia nominal e representação real, assim como a designação de antenas.

Ainda no prédio principal, situa-se também a sala de segurança terrestre e de vôo cuja responsabilidade é o acompanhamento da trajetória balística e o comando de teledestruição, capaz de interromper o vôo do veículo em caso de eventual desvio de sua trajetória, o que possibilita garantir a proteção de vidas e bens, direcionando o impacto para zonas previamente delimitadas e seguras.

É dotado de sistemas de gerenciamento de vídeo, interfone, sinalização operacional e telefonia especializada.
As atividades de integração dos sistemas contam com as seguintes estações:

  • Telemedidas: com potentes antenas destinadas à aquisição, transmissão, tratamento e gravação de dados, captam informações e sinais transmitidos pelos engenhos espaciais e pelas cargas úteis embarcadas nos foguetes.
  • Meteorologia: apoia nas missões de observação de superfície e de altitudes, coleta e tratamento de informações meteorológicas locais e na análise da previsão do tempo. É dotada de um conjunto de equipamentos de rádio-sondagem e de laboratórios preparados para atuarem nas operações de lançamentos. Fornece dados climatológicos, em tempo real, de diferentes altitudes, velocidade e direção do vento . Estes fatores são determinantes para a segurança de vôo.
  • Radares: de proximidade (Radar Adour) e de precisão (Radar Atlas) atuam adquirindo alvos desejados, acompanhando-os até milhares de quilômetros, a partir da decolagem dos veículos e estabelecendo a trajetografia das respectivas cargas úteis embargadas . É dotado ainda de um Centro de Tratamento de Dados de Localização - CTDL.

No próprio prédio do centro técnico, existe ainda um auditório especialmente destinado ao público convidado e à imprensa para o acompanhamento das atividades ali desenvolvidas, com capacidade para 100 pessoas.

PREPARAÇÃO E CONTROLE DE SATÉLITES

É o conjunto de edificações onde se executam as operações de integração, simulação e controle dos sistemas incorporados ao satélite. Dispõe de uma área destinada a operações perigosas, de forma a oferecer adequada proteção e segurança ao manuseio dos combustíveis, dos oxidantes e dos pirotécnicos que se incorporam à carga útil. Possue também a estação de rastreio, que acompanha satélites e supre o fluxo de dados dos comandos e controles.

Esta estação é operada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, como estação hóspede do CLA, o que permite o aproveitamento do maior tempo possível de passagem dos engenhos pela sua privilegiada localização.

Adicionalmente, a estação está configurada para receber telemetria e rastrear cargas úteis, atuando como estação terrena alternativa nos lançamentos realizados pelo CLA.

PREPARAÇÃO E LANÇAMENTO DE VEÍCULOS ESPACIAIS

Estão situados neste setor o edifício de Preparação de Carga Útil - PPCU; de Propulsores - PPP, local de montagem e preparação dos foguetes; e de Carregamento de Propelentes - PCPL; o Prédio de Controle Avançado - CASAMATA, responsável pela supervisão e o controle de todas as ações nas proximidades do lançador, da carga útil e pré-lançamento, provendo assim proteção às equipes da área.

As plataformas são os suportes dos veículos lançadores na sua posição de largada, provendo a necessária interface com os sistemas de solo. Cada uma delas compõe-se de torre fixa ou móvel de acesso, interconexões umbilicais e mesa de assentamento.

Em função das características dos diferentes tipos de lançadores, já estão instaladas no CLA três plataformas, destinadas, respectivamente, aos foguetes tipo sondagem; a torre móvel de integração - TMI do lançador de satélite de pequeno porte VLS-1 (em reconstrução) e a plataforma "universal", esta, de uso geral, permite o lançamento de foguetes pesando até dez toneladas.

Todo este complexo de instalações operacionais, integrantes da infra-estrutura do CLA, é servido adequadamente por subestações de energia elétrica, onde grupos geradores garantem o suprimento de eletricidade suficiente durante a realização das campanhas de lançamento , além de poder contar com o apoio de almoxarifado, depósitos, postos de segurança e de contra incêndio , alojamento para equipe médica, heliponto e mirantes de observação.

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